imersa nos
dias distante feito
oceano arraigada na
areia submersa
nela
mesma
alheia
transbordando dos olhos
forasteira
sexta-feira, 29 de maio de 2009
herança
trazes as mãos tão
puídas cada
calo ronda teus
suplícios tuas
eternidades
cada homem que em
ti
existiu
atas entre teu
olhar e esta
terra devastada os
dias
mortos
cada aniquilamento que
abarcaste
tua substância ressoa nossa
vã
permanência
puídas cada
calo ronda teus
suplícios tuas
eternidades
cada homem que em
ti
existiu
atas entre teu
olhar e esta
terra devastada os
dias
mortos
cada aniquilamento que
abarcaste
tua substância ressoa nossa
vã
permanência
monólogo
por quais desvãos você
escapou que
madrugadas levaram seus
olhos pra
longe
que chuvas inundaram
seu
solo em quais
janelas você
se esqueceu
por que frestas seus
desejos esgotaram
se onde
você se
abandonou
em que dia
sossegado perdi
você
escapou que
madrugadas levaram seus
olhos pra
longe
que chuvas inundaram
seu
solo em quais
janelas você
se esqueceu
por que frestas seus
desejos esgotaram
se onde
você se
abandonou
em que dia
sossegado perdi
você
quinta-feira, 28 de maio de 2009
casa.
acolher as canções de
uma vida
inteira nas
paredes herança
silenciosa do
tempo memória
cintilante espraiando se
nas ondas na
beira do
rio
um par de sapatos
um galinheiro tomado
de formigas
os homens se re
constroem em seus
alicerces
uma vida
inteira nas
paredes herança
silenciosa do
tempo memória
cintilante espraiando se
nas ondas na
beira do
rio
um par de sapatos
um galinheiro tomado
de formigas
os homens se re
constroem em seus
alicerces
ermo
dos olhos uma
descomunal
tristeza
espalhando se corpo
afora
escorrendo pelos
ombros roçando
os cabelos atravessando
o peito de um a
outro
extremo
feito terra devastada
descomunal
tristeza
espalhando se corpo
afora
escorrendo pelos
ombros roçando
os cabelos atravessando
o peito de um a
outro
extremo
feito terra devastada
promessa
o desejo inaugura a
manhã ensaia nos
cachos dos cabelos
soltos
aconchega se nas
sinuosidades do
corpo irradia se tarde
afora
circunda os olhos adentra
abismos arromba
impossibilidades atropela
se
e tomba sobre
si mesmo
manhã ensaia nos
cachos dos cabelos
soltos
aconchega se nas
sinuosidades do
corpo irradia se tarde
afora
circunda os olhos adentra
abismos arromba
impossibilidades atropela
se
e tomba sobre
si mesmo
aquoso
para Bi
uma ilha que
nasce dentro
do seu vestido* uma
luz
suntuosa no seu
decote
aquelas pernas
copiosas rodeando meus
sonhos as
mãos denunciando todas
minhas frestas
os imprevistos da
língua conquistando minhas
fronteiras seus
arrabaldes abrindo se nos
meus quintais
o prazer escorrendo no vão
da noite
* David Mourão-Ferreira
uma ilha que
nasce dentro
do seu vestido* uma
luz
suntuosa no seu
decote
aquelas pernas
copiosas rodeando meus
sonhos as
mãos denunciando todas
minhas frestas
os imprevistos da
língua conquistando minhas
fronteiras seus
arrabaldes abrindo se nos
meus quintais
o prazer escorrendo no vão
da noite
* David Mourão-Ferreira
quieto
calo a minha voz
nesta noite infindável.
só os meus olhos falam de ti,
mergulhados num lago.
Silvia Chueire
na beira do
mundo andarilho
de notas
vagas pendendo nas
bordas de seus
dedos
à margem dos
atalhos entregue
aos
dias
nesta noite infindável.
só os meus olhos falam de ti,
mergulhados num lago.
Silvia Chueire
na beira do
mundo andarilho
de notas
vagas pendendo nas
bordas de seus
dedos
à margem dos
atalhos entregue
aos
dias
dor
em torno de
Liubomir Levtechev
tomados da fadiga
imemorial meus
pais regressavam ao
inexistente
lar
natal
sob seus
pés ruía a
carne rugiam
clarões fendiam a
terra
desamparada
perdidos em
guerras e parcos
horizontes meus
irmãos já
não olhavam para
trás
todos os dias os sóis
refaziam nossa desesperança
Liubomir Levtechev
tomados da fadiga
imemorial meus
pais regressavam ao
inexistente
lar
natal
sob seus
pés ruía a
carne rugiam
clarões fendiam a
terra
desamparada
perdidos em
guerras e parcos
horizontes meus
irmãos já
não olhavam para
trás
todos os dias os sóis
refaziam nossa desesperança
biografia XXXV - poesia
refazer inteira a
humanidade em cada
verso inspirar todos
silêncios
cada sulco do
mundo cobrir de
linguagem em
tudo tomar
parte inaugurar a
terra dia
a dia respirar o
inatingível
a palavra
obra em
mim
humanidade em cada
verso inspirar todos
silêncios
cada sulco do
mundo cobrir de
linguagem em
tudo tomar
parte inaugurar a
terra dia
a dia respirar o
inatingível
a palavra
obra em
mim
quarta-feira, 27 de maio de 2009
todas palavras
para Manuel Antonio Pina
não acredite nas que estiveram tão
perto feito uma
respiração nas que
desistiram nem
nas que jamais foram
ditas por
mim ou por
você nas que
se perderam
não acredite nas que me
lembro que roçaram em
vão a
memória que se
tornaram
desejo que fizeram
nascer e morrer a
manhã
depois do poema persiste
só o
silêncio
não acredite nas que estiveram tão
perto feito uma
respiração nas que
desistiram nem
nas que jamais foram
ditas por
mim ou por
você nas que
se perderam
não acredite nas que me
lembro que roçaram em
vão a
memória que se
tornaram
desejo que fizeram
nascer e morrer a
manhã
depois do poema persiste
só o
silêncio
saudade
quando faço
poemas são seus
olhos que desenho em
minha
pele é sua
boca que me
silencia
são meus
versos cantando sua
voz escrevendo
por ventos tortos seu
corpo em minhas
mãos
encharco de palavras as
distâncias que trazem
você
poemas são seus
olhos que desenho em
minha
pele é sua
boca que me
silencia
são meus
versos cantando sua
voz escrevendo
por ventos tortos seu
corpo em minhas
mãos
encharco de palavras as
distâncias que trazem
você
sexta-feira
para Bi
o apartamento mais
uma vez vazio silêncio e
poeira nos
móveis
nenhuma voz nenhuma
carta vizinhos cada
vez mais
longe
neste dia sem
sentido interminável
noite somente a
certeza
de seu
sorriso faz
me suportar
o apartamento mais
uma vez vazio silêncio e
poeira nos
móveis
nenhuma voz nenhuma
carta vizinhos cada
vez mais
longe
neste dia sem
sentido interminável
noite somente a
certeza
de seu
sorriso faz
me suportar
fogueira
no vão da
janela seu
sonho insinua se entre
meus braços no
meio da
manhã escorre o
rio de seus
cabelos
procuro seu
gosto em cada
fresta seu
sorriso entre
nossas pernas nos
vales escuros dos
meus
ombros
arde um sol
imenso nesta
sofreguidão
janela seu
sonho insinua se entre
meus braços no
meio da
manhã escorre o
rio de seus
cabelos
procuro seu
gosto em cada
fresta seu
sorriso entre
nossas pernas nos
vales escuros dos
meus
ombros
arde um sol
imenso nesta
sofreguidão
biografia XXXIV - minas
caminhava entre
pedras recobria me de
montanhas branqueavam
meus cabelos enrugava
me a face profundos
vales
ansiava sertões dentro
de mim vertiam
cachoeiras inflamavam
meus olhos cresciam
vastas
angústias
a terra obra dentro
das
gentes
pedras recobria me de
montanhas branqueavam
meus cabelos enrugava
me a face profundos
vales
ansiava sertões dentro
de mim vertiam
cachoeiras inflamavam
meus olhos cresciam
vastas
angústias
a terra obra dentro
das
gentes
arraigado
não se extinguem as
marcas dos
dias as entranhas
escancaradas prá
sempre
o rastro da lua nas
veias os medos
assombrosos tantos
amanhecimentos
as pedras não
se dissipam as
mãos roçando
poemas abandonos
lonjuras
frestas
aridez
é eterna a
memória da
carne
marcas dos
dias as entranhas
escancaradas prá
sempre
o rastro da lua nas
veias os medos
assombrosos tantos
amanhecimentos
as pedras não
se dissipam as
mãos roçando
poemas abandonos
lonjuras
frestas
aridez
é eterna a
memória da
carne
rendição
o silêncio tange o
sino de tão
leve ninguém
escuta
Nana Botelho
minha garganta
árida buscava o
silêncio abismal da
tarde os sinos
mergulhados
inteiramente
neles
mesmos
feito chuva fina tua
voz percorreu minhas
ruínas meus
angustiados escombros
teu olhar roçando a
noite luziu sobre
os telhados açoitou minha
aurora
para sempre todos
meus dias saberão a
teu
hálito
sino de tão
leve ninguém
escuta
Nana Botelho
minha garganta
árida buscava o
silêncio abismal da
tarde os sinos
mergulhados
inteiramente
neles
mesmos
feito chuva fina tua
voz percorreu minhas
ruínas meus
angustiados escombros
teu olhar roçando a
noite luziu sobre
os telhados açoitou minha
aurora
para sempre todos
meus dias saberão a
teu
hálito
terça-feira, 26 de maio de 2009
chuva
irmandade
Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
Octávio Paz
um inominável
vazio ninguém nem
mesmo
estrelas
em silêncio meu
corpo ruge debate se nele
próprio nenhum
alívio
encalço minha
solidão na
extensão dos dias nada me
alcança
noite vasta em
algum lugar alguém
me
escancara
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
Octávio Paz
um inominável
vazio ninguém nem
mesmo
estrelas
em silêncio meu
corpo ruge debate se nele
próprio nenhum
alívio
encalço minha
solidão na
extensão dos dias nada me
alcança
noite vasta em
algum lugar alguém
me
escancara
poço
não sei o que em
mim me
consome arranca as
superfícies o
que me
faz
angústia céu
despedaçando se todo
dia
o que queima a
pele revira faz
me fundo cratera imensidão
de sustos sempre
escava
o sabor da
morte na ardência do seu
sorriso
mim me
consome arranca as
superfícies o
que me
faz
angústia céu
despedaçando se todo
dia
o que queima a
pele revira faz
me fundo cratera imensidão
de sustos sempre
escava
o sabor da
morte na ardência do seu
sorriso
artesanal
a borda íngreme da
montanha uma curva de
repente na
estrada
um naco de sol na
tarde um
sonho alçando se no
horizonte
fios soltos do seu
cabelo sobre os
olhos lábios levemente
aliciantes
todas as noites que te
quis sob o
lençol manchado
de
entrega
montanha uma curva de
repente na
estrada
um naco de sol na
tarde um
sonho alçando se no
horizonte
fios soltos do seu
cabelo sobre os
olhos lábios levemente
aliciantes
todas as noites que te
quis sob o
lençol manchado
de
entrega
caudaloso
para Nana
são todos os
rios que
procuro todos
os silêncios que te
imploro ainda
que as águas
inundem e nos
afastem mesmo
que não se
encontrem nossas
bocas nossas mãos
longínquas é no
fundo pedregoso que
resisto
são todos os
rios que
procuro todos
os silêncios que te
imploro ainda
que as águas
inundem e nos
afastem mesmo
que não se
encontrem nossas
bocas nossas mãos
longínquas é no
fundo pedregoso que
resisto
bordas
o poema que
procurava escreveu
se inteiro nas suas
costas na
agonia da sua
boca
nos largos ombros da
noite no cheiro dos seus
atormentados
vãos enquanto
sussurava em seus
olhos abria suas
pernas
desenhou se na
lua abandonada entre
as estrelas perdidas no
silêncio miúdo do seu
choro
e descobriu
horizontes onde antes
precipícios
procurava escreveu
se inteiro nas suas
costas na
agonia da sua
boca
nos largos ombros da
noite no cheiro dos seus
atormentados
vãos enquanto
sussurava em seus
olhos abria suas
pernas
desenhou se na
lua abandonada entre
as estrelas perdidas no
silêncio miúdo do seu
choro
e descobriu
horizontes onde antes
precipícios
cruzada
para Cecília
não espere grande
coisa destas tardes longas destes
eufóricos homens
cabisbaixos
ainda que ouçam nada
os transformará
não semeie em solo
pútrido tuas poucas
esperanças tuas
luas
mesmo que fertilize nada
brotará
são tempos sombrios e não
sabemos nem
de nós
mesmos
aqueça seu esconderijo
mansamente apenas
silencie
não espere grande
coisa destas tardes longas destes
eufóricos homens
cabisbaixos
ainda que ouçam nada
os transformará
não semeie em solo
pútrido tuas poucas
esperanças tuas
luas
mesmo que fertilize nada
brotará
são tempos sombrios e não
sabemos nem
de nós
mesmos
aqueça seu esconderijo
mansamente apenas
silencie
sábado, 23 de maio de 2009
biografia XXXII - paradeiro
ainda conto nos dedos
de uma talvez
duas mãos tantas
parcas
alegrias
Alice caminhando ao
meu lado o orgulho
sereno de
Pedro teu
sorriso abrindo me a
manhã
as tristezas me arrombam
a porta todos
os dias tantas e tão
pavorosas que meu
corpo inteiro não consegue
alojar
miúdas e raras as
alegrias sustentam meu
olhar quando
aflito encaro meus
semelhantes
jamais sucumbiram na avalanche
inominável de seus
terrores
de uma talvez
duas mãos tantas
parcas
alegrias
Alice caminhando ao
meu lado o orgulho
sereno de
Pedro teu
sorriso abrindo me a
manhã
as tristezas me arrombam
a porta todos
os dias tantas e tão
pavorosas que meu
corpo inteiro não consegue
alojar
miúdas e raras as
alegrias sustentam meu
olhar quando
aflito encaro meus
semelhantes
jamais sucumbiram na avalanche
inominável de seus
terrores
Marcadores:
biografia XXXII - paradeiro
solidão
(...) se vieres à minha procura
vem devagar e suavemente para não quebrar a porcelana da minha solidão.
Sohrab Sepehry
arrancar de onde já
não há mais qualquer
sentido onde jamais voltará
a ter
recriar por onde ninguém
jamais trilhou onde nunca
mais poderá
regressar
reconhecer se onde nada
mais pode
brilhar no
espelho cada vez
mais turvo de si
próprio
vem devagar e suavemente para não quebrar a porcelana da minha solidão.
Sohrab Sepehry
arrancar de onde já
não há mais qualquer
sentido onde jamais voltará
a ter
recriar por onde ninguém
jamais trilhou onde nunca
mais poderá
regressar
reconhecer se onde nada
mais pode
brilhar no
espelho cada vez
mais turvo de si
próprio
silêncio
poucas luzes pequenas
palavras sons quase
inaudíveis
uma chuva fina na janela
pernas trespassadas por
pernas o ardido do vinho bocas
desgovernadas
vertigens de prazer descerradas dos olhos
corpo dentro de corpo línguas
avermelhadas soltas
pela casa
as paredes desfazendo se nas mãos
noite vagarosa cobrindo a janela
pequenas luzes poucas
palavras
palavras sons quase
inaudíveis
uma chuva fina na janela
pernas trespassadas por
pernas o ardido do vinho bocas
desgovernadas
vertigens de prazer descerradas dos olhos
corpo dentro de corpo línguas
avermelhadas soltas
pela casa
as paredes desfazendo se nas mãos
noite vagarosa cobrindo a janela
pequenas luzes poucas
palavras
limiar
para Bi
minha casa resplandece
inteira quando nela teu
sorriso
penetra
um fulgor no silêncio do
dia
e permanece tépida enquanto lá
fora tudo
escurece
minha casa se reveste de
sal quando nela teu
olhar se
embrenha
uma miragem na angústia da
fome
e continua nutrindo me enquanto
todos os homens
desesperam se
inundada de ti minha
casa jamais se
perde
minha casa resplandece
inteira quando nela teu
sorriso
penetra
um fulgor no silêncio do
dia
e permanece tépida enquanto lá
fora tudo
escurece
minha casa se reveste de
sal quando nela teu
olhar se
embrenha
uma miragem na angústia da
fome
e continua nutrindo me enquanto
todos os homens
desesperam se
inundada de ti minha
casa jamais se
perde
biografia XXXI - esperança
agora já são grandes Pedro e
Alice e morreram as duas
árvores que
plantei
perderam se no
mundo os poucos
poemas que
escrevi esvaziaram
se de mistérios as
noites
de
solidão
o corpo ocupa se cada
vez mais das marcas
do tempo a chuva já não
incomoda procuro no
inferno das
ruas um
enorme
silêncio
sonhos perscrutam a
morte fraquejam logo
de manhã dói olhar prá
frente
Alice e morreram as duas
árvores que
plantei
perderam se no
mundo os poucos
poemas que
escrevi esvaziaram
se de mistérios as
noites
de
solidão
o corpo ocupa se cada
vez mais das marcas
do tempo a chuva já não
incomoda procuro no
inferno das
ruas um
enorme
silêncio
sonhos perscrutam a
morte fraquejam logo
de manhã dói olhar prá
frente
Marcadores:
biografia XXXI - esperança
ofício
o poema surge aos
poucos enquanto o
corpo confronta os
dias enquanto as
noites escurecem
aos encontrões rasgado na
pele na medida nunca
exata das
palavras enquanto a
vida procura por si
própria
o poema fecunda
diariamente a recusa
insípida
da morte
poucos enquanto o
corpo confronta os
dias enquanto as
noites escurecem
aos encontrões rasgado na
pele na medida nunca
exata das
palavras enquanto a
vida procura por si
própria
o poema fecunda
diariamente a recusa
insípida
da morte
desmedida
tamanho medo imensa
solidão agigantando se sobre minhas
costas das coisas
perdidas ou não
conhecidas do
medonho
irreconhecível
das janelas eternamente
lacradas dos passos
mudos no
corredor vastidão
inebriada que ultrapassa tudo em
vazio
a casa me escapa todos
os
dias
solidão agigantando se sobre minhas
costas das coisas
perdidas ou não
conhecidas do
medonho
irreconhecível
das janelas eternamente
lacradas dos passos
mudos no
corredor vastidão
inebriada que ultrapassa tudo em
vazio
a casa me escapa todos
os
dias
perene
enquanto escrevo poemas
desatam se dias frágeis perdem
se entre uma e outra
palavra as mesmas
dores cotidianas perdas
intangíveis
as mãos ainda mais
ressequidas vertem versos
desamparados e
fantasias
indeléveis
nuvens formam a todo
momento árvores e
pedras nas
minhas janelas
desatam se dias frágeis perdem
se entre uma e outra
palavra as mesmas
dores cotidianas perdas
intangíveis
as mãos ainda mais
ressequidas vertem versos
desamparados e
fantasias
indeléveis
nuvens formam a todo
momento árvores e
pedras nas
minhas janelas
lume
os dias se desprendem dos
dias cada vez mais
longos sempre mais
frios embrenhando se em
mim
pronuncio as nossas
palavras sob a sombra enevoada da
lua que devagar me
envolve
prendo me à vegetação de nossas
praias aos nossos intangíveis
sonhos
na tua voz
distante
aconchego minha
imensa
saudade
dias cada vez mais
longos sempre mais
frios embrenhando se em
mim
pronuncio as nossas
palavras sob a sombra enevoada da
lua que devagar me
envolve
prendo me à vegetação de nossas
praias aos nossos intangíveis
sonhos
na tua voz
distante
aconchego minha
imensa
saudade
sexta-feira, 22 de maio de 2009
brechas
por onde traço meus poucos
passos o solo permanece
gretado os
olhos apenas sussurram
luas
os vales cada vez
mais estéreis minhas
periferias ardentes os
lábios sempre incitando
furacões
neste avassalador silêncio
que tudo
recobre apenas
resisto
passos o solo permanece
gretado os
olhos apenas sussurram
luas
os vales cada vez
mais estéreis minhas
periferias ardentes os
lábios sempre incitando
furacões
neste avassalador silêncio
que tudo
recobre apenas
resisto
desejo
algo desafia em
mim a ardência do seu
hálito do seu
cheiro
minha pele revive seu
abraço sua boca
mordida
diante de mim o dia
se espalha
desmedido
inapreensível
ruas enormes estradas
intransponíveis mares
traiçoeiros
tempestades
meus olhos sonham seu
sorriso
silencioso
algo desafia em mim a
vontade
apaziguada de
chorar
meu corpo sabe o tempo
inteiro só
de você
mim a ardência do seu
hálito do seu
cheiro
minha pele revive seu
abraço sua boca
mordida
diante de mim o dia
se espalha
desmedido
inapreensível
ruas enormes estradas
intransponíveis mares
traiçoeiros
tempestades
meus olhos sonham seu
sorriso
silencioso
algo desafia em mim a
vontade
apaziguada de
chorar
meu corpo sabe o tempo
inteiro só
de você
quinta-feira, 21 de maio de 2009
nó
tua voz
inaudível na minha
garganta meus
silêncios
angustiados
falta me tua
lua nestas noites
aterradoras falta em
mim teu
suor
atravessada do
estômago aos
olhos que já nem
rebrilham falta o
que de
mim já
nem
sei
inaudível na minha
garganta meus
silêncios
angustiados
falta me tua
lua nestas noites
aterradoras falta em
mim teu
suor
atravessada do
estômago aos
olhos que já nem
rebrilham falta o
que de
mim já
nem
sei
felicidade
[...] um silêncio talhado
para o voo dum moscardo
[...]
tomba desamparado.
Eugénio de Andrade
desfaz se a névoa
dos dias
devagar
de meu
corpo uma
brisa
sussurrada quase
canção
um sorriso
pequeno insinuado entre
nuvens im
ponderável
sem hora pra chegar
para o voo dum moscardo
[...]
tomba desamparado.
Eugénio de Andrade
desfaz se a névoa
dos dias
devagar
de meu
corpo uma
brisa
sussurrada quase
canção
um sorriso
pequeno insinuado entre
nuvens im
ponderável
sem hora pra chegar
fantasia
teu sorriso lua
infindável da minha enorme
perdição
quando todas as estrelas se
recolheram
teu poema se desenhando nas
memórias do meu
corpo
quando a noite inteira já
adormeceu
teus braços nossa
praia
deserta
quando já não há mais
porto
infindável da minha enorme
perdição
quando todas as estrelas se
recolheram
teu poema se desenhando nas
memórias do meu
corpo
quando a noite inteira já
adormeceu
teus braços nossa
praia
deserta
quando já não há mais
porto
nuvens
quando achares sobre a
mesa o poema que fiz
pra ti estarei bem
longe
mas não
olhes para
trás
por séculos meus
versos ainda
falarão de tua
presença
porém a
poesia dissipou se de nossos
olhos
mesa o poema que fiz
pra ti estarei bem
longe
mas não
olhes para
trás
por séculos meus
versos ainda
falarão de tua
presença
porém a
poesia dissipou se de nossos
olhos
destino
todas as noites
padecem em meu
corpo quando
vais sei que não
voltarás nenhuma
manhã
cambaleio sem
direção corpo
exausto calado absolutamente
nada
restará quando
retornares
padecem em meu
corpo quando
vais sei que não
voltarás nenhuma
manhã
cambaleio sem
direção corpo
exausto calado absolutamente
nada
restará quando
retornares
melodia
um pouco de sol ainda
clareava a tarde quando a chuva
fina enxaguou a
poeira do
dia
e dormias sob os
lençóis
de madrugada fez se um
silêncio de nuvens
leves e a
lua rebrilhou nos meus
olhos enquanto
dormias sob os
lençóis
a manhã esbateu se
morna sobre as
janelas e o sol
discreto arrastou se em teus
pés e ainda
dormias
velando te meu
amor recostou se em teus
sonhos enquanto
dormias
clareava a tarde quando a chuva
fina enxaguou a
poeira do
dia
e dormias sob os
lençóis
de madrugada fez se um
silêncio de nuvens
leves e a
lua rebrilhou nos meus
olhos enquanto
dormias sob os
lençóis
a manhã esbateu se
morna sobre as
janelas e o sol
discreto arrastou se em teus
pés e ainda
dormias
velando te meu
amor recostou se em teus
sonhos enquanto
dormias
sombra
a paixão espreitou minha
porta sorriu com teus
olhos fez me ouvir tão
perto tua
voz
distante ventou
impetuosa nos galhos das
árvores esqueceu se nos teus
cabelos assustou meus
pássaros que de
repente fugiram
de ti a
paixão aqueceu meu
corpo e sumiu mansa
mente
porta sorriu com teus
olhos fez me ouvir tão
perto tua
voz
distante ventou
impetuosa nos galhos das
árvores esqueceu se nos teus
cabelos assustou meus
pássaros que de
repente fugiram
de ti a
paixão aqueceu meu
corpo e sumiu mansa
mente
terça-feira, 19 de maio de 2009
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